terça-feira, 8 de março de 2011

Relação de Amor e Ódio

A menos que você seja iluminado, todos os seus relacionamentos, principalmente os mais íntimos, vão apresentar defeitos profundos. Durante um tempo, eles podem dar a impressão de serem perfeitos, mas, invariavelmente, essa perfeição aparente acaba destruída por discussões, conflitos, insatisfações e até mesmo violência física e emocional, que passa a acontecer com uma frequência cada vez maior. Parece que a maioria dos "relacionamentos amorosos" não leva muito tempo para se tornar uma relação de amor e ódio.



Os relacionamentos oscilam entre esses dois polos e isso é visto como normal. Os casais se tornam viciados nesses ciclos. Esse tipo de drama nos faz sentir vivos.
Pode parecer que tudo se resolveria se conseguíssemos eliminar os ciclos negativos e destrutivos, permitindo que o relacionamento florescesse sem problemas, mas isso não é possível. As polaridades são mutuamente interdependentes. Não podemos ter uma sem a outra. A positiva já contém dentro de si a negativa, ainda não manifestada. Ambas são, na verdade, aspectos diferentes de um mesmo sistema defeituoso.

O lado negativo de um relacionamento é mais facilmente reconhecido como um defeito ou anormalidade do que o positivo. E é muito mais fácil reconhecer no parceiro do que em nós mesmos. O negativo pode se manifestar de várias formas, tais como possessividade, ciúme, controle, ressentimento, insensibilidade e egocentrismo, cobranças emocionais e manipulação, raiva e violência física, necessidade de ter sempre razão, de discutir, criticar, julgar, culpar, agredir, irritar, ou se vingar, inconscientemente de um sofrimento do passado imposto por um dos pais.




Pelo lado positivo, há uma "paixão" pela outra pessoa. No primeiro momento, esse é um estado altamente gratificante. Sentimos que estamos intensamente vivos. Nossa existência passa a ter um significado porque, de repente, alguém precisa de nós, nos deseja, e nos faz sentir especial. Além disso, provocamos as mesmas sensações no outro, o que faz com que os dois se sintam completos. O sentimento pode se tornar tão intenso que o resto do mundo perde o signifcado.




Ficamos viciados na outra pessoa, que age sobre nós como uma droga. Quando a droga está disponível, nos sentimos muito bem. Mas a possibilidade, ainda que remota, de que ela não esteja mais ali, disponível para nós, pode levar ao ciúme, à possessividade, a tentativas de manipulação através da chantagem emocional, culpa ou acusações - o que no fundo, é o medo da perda. Se a outra pessoa nos abandonar mesmo, pode fazer nascer a mais intensa hostilidade, ou um profundo desespero. Em segundos, a ternura amorosa pode dar lugar à agressão selvagem ou a um desgosto terrível. Onde é que está o amor agora?




   Será que o amor pode se transformar no seu oposto em segundos?




Será que era amor de verdade ou um vício, uma dependência?











To be continued........






Texto: Eckhart Tolle

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